22 junho, 2010

33° TRECHO | Admíravel Mundo Novo

Aldous Huxley nasceu em 1894 foi um escritor inglês que veio de uma família de intelectuais, alguns do mundo da medicina e outros da literatura, Huxley se envolveu com as duas partes, se formou em medicina na universidade de Oxford, mas logo descobriu sua veia literária e assim aproveitou para colocar suas preocupações ideológicas como a liberdade individual em crítica ao autoritarismo do Estado. Sua obra-prima o livro Admirável Mundo Novo (o mesmo que indico nessa postagem) foi escrito na década de 30, uma ficção científica que influência muitos escritores até os dias de hoje.







Um trecho do livro "O Diretor abriu uma porta. Encontraram-se numa sala vazia, vasta, clara e cheia de sol, pois toda aparede do lado sul apenas se compunha de uma enorme janela. Uma meia dúzia de enfermeiras, vestidas com as calças e os casacos regulamentares de pano de viscose branco, os cabelos assepticamente ocultos em gorros brancos, estavam ocupadas em dispor no chão, numa longa fila que ia de um extremo ao outro da sala, vários vasos de rosas. Grandes vasos com muitas flores. Milhares depétalas, completamente desabrochadas e de uma suavidade de seda, semelhantes às faces de inúmeros e pequenos querubins, mas de querubins que, nessa luz brilhante, não eram exclusivamente róseos e arianos, mas também luminosamente chineses e mexicanos apopléticos por terem soprado em demasia nas trombetas celestes, e ainda outros pálidos como a morte, pálidos como a brancura póstuma do mármore.As enfermeiras perfilaram-se à entrada do D. I. C.- Coloquem os livros - disse ele secamente. Silenciosamente, as enfermeiras obedeceram à ordem.Entre os vasos de rosas, os livros foram cuidadosamente dispostos, uma fila de "in quarto" infantis, abertos de maneira tentadora, com imagens alegremente coloridas de animais, peixes ou aves.- Agora façam entrar as crianças. Elas saíram rapidamente da sala e voltaram a entrar ao fim de um minuto ou dois, empurrando cada uma um carrinho onde, em cada uma das suas quatro prateleiras de tela metálica, vinha um bebê de oito meses, todos exatamente iguais - um grupo Bokanovsky, era evidente -, e todos, pois pertenciam à casta Delta, vestidos de cor de caqui.- Ponham-nos no chão. As crianças foram tiradas dos carros.- Agora voltem-nos de maneira que possam ver as flores e os livros.Voltados, os bebés calaram-se imediatamente. Depois começaram a gatinhar em direcção a essas cores brilhantes, a essas formas tão alegres e tão vivas nas páginas brancas. Enquanto eles se aproximavam, o Sol libertou-se de um eclipse provisório em que tinha sido mantido por uma nuvem. As rosas fulguraram como sob o efeito de uma súbita paixão interna e uma nova e profunda energia pareceu espalhar-se sobre as brilhantes páginas dos livros. Das filas dos bebés elevou-se um murmúrio de excitação, gorjeios e assobios de prazer.O Diretor esfregou as mãos.- Excelente! - disse. - Mesmo feito de propósito, não poderia ser melhor.Os gatinhadores mais rápidos tinham já atingido o seu alvo.O Pequenas mãos se estenderam, incertas, tocando, segurando, desfolhando as rosas transfiguradas, rasgando as páginas iluminadas dos livros. O director esperou que todos estivessem alegremente ocupados. Depois disse:- Observem bem. E, levantando a mão, fez um sinal. A enfermeira-chefe, que se encontrava junto de um quadro de comandos eléctricos, no outro extremo da sala, baixou um pequeno manípulo.Houve uma violenta explosão. Aguda, cada vez mais aguda, uma sereia apitou. Campainhas de alarme vibraram, obsidiantes.As crianças assustaram-se e começaram a berrar. Os seus pequenos rostos estavam contorcidos de terror.- E agora - gritou o Diretor (o ruído era de ensurdecer) agora passemos à operação que tem por fim fazer penetrar a lição a fundo por meio de uma ligeira descarga eléctrica.Agitou de novo a mão e a enfermeira-chefe baixou um Segundo manípulo. Os gritos das crianças mudaram subitamente de tom. Havia qualquer coisa de desesperado, quase de demente, nos uivos penetrantes e espasmódicos que então lançavam. Os pequenos corpos contraíam-se e retesavam-se, os membros agitavam-se em movimentos sacudidos, como se fossem puxados por fios invisíveis.- Podemos fazer passar a corrente em toda esta metade do soalho - gritou o Diretor, como explicação.- Mas isto chega - disse, fazendo um sinal à enfermeira.As explosões cessaram, as campainhas calaram-se, o uivo da sereia amorteceu lentamente até ao silêncio. Os corpos retesados e contraídos distenderam-se, e o que fora soluços e urros de loucos furiosos em potência transformou-se de novo em berros normais de terror vulgar.- Dêem-lhes outra vez os livros e as flores.As enfermeiras obedeceram. Mas à aproximação das rosas, à simples vista dessas imagens alegremente coloridas do miau, do cocorocó e do cordeirinho preto que faz mé-mé, as crianças recuaram com horror. Os berros aumentaram subitamente de intensidade.- Observem - disse triunfantemente o Diretor -, observem.Os livros e os ruídos aterradores, as flores e as Odescargas elétricas, formavam já no espírito das crianças pares ligados de maneira comprometedora; no fim de duzentas repetições da mesma lição ou de outra semelhante, estariam ligados indissoluvelmente. Aquilo que o homem uniu, a Natureza é impotente para separar.- Eles crescerão com aquilo a que os psicólogos chamam um ódio instintivo aos livros e às flores.Reflexos inalteravelmente condicionados. Nada quererão com a literatura e com a botânica durante toda a vida. - O Diretor voltou-se para as enfermeiras: - Podem levá-los."
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Segue abaixo trecho do documentário EndGame com discurso de Huxley sobre a ditadura científica do futuro retratada em seu livro "Admirável Mundo Novo".



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OpIniÃO:

Controle social na "marra". Um mundo artificial, funcional, programado com uma sociedade criada em centros de gestações, laboratórios especializados em desenvolver bebês robotizados com funções sociais pré-estabelecidas, separados por níveis de inteligência, grupo alfa, beta... e assim por diante. Em dado momento penso que estou lendo um livro de Michel Foucault, uma visão terrível do mundo com sub divisões que pra mim não tem nada de admíravel, a disciplina e ordem é o ponto focal, e a falta de sentimentos e o extremo individualismo até atordoa o leitor, é polêmica minha comparação, pois ambos abordam temas distintos, que para mim em certo momento se encontram. Para Aldous Huxley essa sociedade artificial está em 2500, mas imagine se esse mundo não pode se aproximar do nosso a qualquer momento?

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2 comentários:

  1. PASSEI PRA DEIXAR UM BEIJINHO AFETUOSO DE PAZ E MUITA LUZ!!!
    ESTAVA COM MUITA SAUDADE...E OBRIGADINHA PELA VISITA!
    JACKIE DE CURITIBA-PARANÁ
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  2. Olá, te indiquei com uns prêmios.
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    abraços!!

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