02 fevereiro, 2012

100 escovadas antes de ir para cama

Melissa é o nome da adolescente de 16 anos que sonha em encontrar o amor nos braços de alguém especial, mas, para chegar onde ela quer, se entrega aos prazeres da carne e na descoberta do sexo liberal e despudorado. 
Melissa tem um diário, e ele nos conta todas as suas mais excitantes aventuras sexuais. De Lolita a serva dos mais infinitos desejos.


Um livro de 163 páginas, com uma narrativa extremamente direta, apresentando suas aventuras exatamente como em um diário. 100 escovadas antes de ir para cama é um misto de realidade e ficção que, segundo a autora, conta suas próprias aventuras e suas mais fascinantes fantasias.


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Trecho:

"20 de maio

Hoje o professor veio me encontrar novamente na frente da escola. Eu estava esperando por ele e entreguei-lhe uma carta junto com uma calcinha especial.

     Essa calcinha sou eu. É a coisa que melhor me descreve. De quem poderia ser, estranha e assim desenhada, com um lacinho pendurado de cada lado, senão de uma pequena Lolita?
     Mas essa calcinha, além de me pertencer, é meu corpo e eu.
     Já me aconteceu muitas vezes de fazer amor usando-a, talvez nunca com você, mas não importa... Esses lacinhos são um obstáculo para meus instintos e meus sentidos, são amarras que, além de deixar marcas na pele, bloqueiam os meus sentidos... Imagine o meu corpo seminu usando apenas essa calcinha: desfeito o nó, só uma parte de mim vai liberar, a Sensualidade. O espírito de Amor ainda enfrenta o obstáculo do nó do lado esquerdo. E então, aquele que desfez o laço da parte da Sensualidade só verá em mim a mulher, a menina ou, de um modo mais geral, a fêmea, que só pode receber sexo, nada mais. E ele me possui apenas pela metade e é justamente o que desejo na maior parte dos casos. Se alguém desfizer apenas o laço do Amor, eu também só poderei dar uma parte de mim, uma parte mínima, embora profunda. Depois, um dia qualquer da vida surge aquele carcereiro que te entrega as duas chaves para liberar seus espíritos: Sensualidade e Amor estão livres e voam. Você se sente bem, livre e satisfeita, e sua mente e seu corpo não pedem mais nada , não te atormentam mais com suas exigências. Como um suave segredo, eles são liberados por uma mão que sabe como acariciar, que sabe como fazer vibrar, e basta o pensamento daquela mão para encher de calor o corpo e a mente.
     Sinta agora o cheiro daquela parte de mim que está exatamente no centro, entre Amor e Sensualidade: é a minha Alma que sai e transpira pelos meus sucos.
     Você tinha razão quando dizia que eu nasci para trepar, como pode ver, até mesmo a minha Alma quer se sentir desejada e exala o seu cheiro, cheiro de fêmea. Talvez a mão que liberou meus espíritos seja a sua, professor.
     E ouso dizer que somente o seu olfato foi capaz de captar o meu suco, a minha Alma. Não brigue comigo,  professor, se estou me comprometendo, sinto que tenho que fazer isso, pelo menos no futuro não vou sentir remorso por perder alguma coisa sem tentar agarrá-la. Essa coisa faz ranger dentro de mim uma porta que não foi bem lubrificada, o barulho é ensurdecedor. Mas, em seu voo, os espíritos esbarram num muro: o horrível e injusto muro do tempo que passa lentamente para um, veloz para o outro, uma série de cifras que os mantém distantes. Espero que a sua inteligência matemática possa ajudar na solução dessa tremenda equação. Mas não é só isso: você só conhece uma parte de mim, embora tenha liberado duas. E não é essa parte que eu queria deixar viver, não somente. Você decide se devemos dar uma reviravolta em nossa relação, se devemos torná-la mais, "espiritual", um pouquinho mais profunda. Confio em você.

Sua,
Melissa"
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Onde encontrar:


09 janeiro, 2012

Meia Noite em Paris

Quem nunca foi inspirado por antigos ídolos literários, artistas  excêntricos  e revolucionários intelectuais de outras épocas?  Meia noite em Paris deixa no ar o gostinho que todos temos de voltar no tempo e viver numa época que não é a nossa nem de longe... 

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Quem nunca quis saber como seria viver em uma determinada época?  Woody Allen nos da o prazer de tornar esse desejo realidade, numa espécie de irrealidade fantástica, uma viagem dos sonhos de qualquer pessoa.


Gil (Owen Wilson) é um escritor que acompanha sua  noiva a Paris na esperança da cidade lhe servir como inspiração para seu romance. Ele se descobre apaixonado pela cidade luz e acaba capturado pela possibilidade de partir todas as noites para uma viagem no tempo, para a companhia de vários de seus ídolos literários e artísticos. Lá ele convive com Adriana (Marion Cotillard) uma jovem garota que tinha o sonho de viver " Belle époque" e também fugir de sua época.

Além de inspirar, Paris Faz Gil se questionar sobre os rumos de sua vida após encontrar e conviver com  Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Salvador Dalí , Luis Buñuel, o casal  Fitzgerald, dentre outros grande ídolos de uma geração.

Um filme mágico que provoca sua criatividade ao extremo e que, COM CERTEZA, faz  você querer ter estado lá!

Corey Stoll (Ernest Hemingway)

 Adrien Brody (Salvador Dali)


Alison Pill e Tom Hiddleston (casal Fitzgerald)   


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Veja o trailer do filme:




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28 dezembro, 2011

Mais um ano que se vai, mais experiências que ficam!


No ano de 2011, mesmo que muitas coisas tenham sido duras e difíceis, tenho certeza que muitas delas,  foram sugadas pela alma e nós fizeram pensar e refletir sobre como é bom estarmos vivos para receber e compartilhar esses aprendizados. Já as coisas boas, serão sempre lembradas e disseminadas... Será sua janela para que, em 2012, você saiba que mesmo com as "durezas" de alguns dias, muitos outros dias podem ser sempre "doces", sempre eternos e lembrados com carinho e muita alegria.


O Emtrechos deseja a todos os seus amigos, parentes e leitores, um ótimo Natal e um 2012 de muita cultura, paz, saúde e grandes e novas aventuras!

10 dezembro, 2011

Quem tem medo?


Talvez, se você for um leitor assíduo, tenha o habito da leitura desde muito jovem e queira que seu filho siga seu exemplo, já saiba o que sugerir ao pequeno para que ele dê início ao mundo da leitura.
Um tempo atrás, na faculdade, uma colega de sala me perguntou sobre o livro que eu estava lendo, que ainda estou. Era Sangue de Tinta, sucessão de Coração de Tinta, da postagem anterior. Depois de contar sobre sua história, ela me perguntou se eu sugeria a trilogia à crianças com idade na faixa etária de 10 anos, no caso seria para suas filhas gêmeas. Me disse que ela mesmo não tem o hábito de ler, mas queria instigar esse gosto nas filhas. Disse a ela que na minha opinião, se as meninas não têm esse costume, deveriam começar com leitura simples, não boba, mas também não de muitas páginas. A princípio, sugeri que descobrisse o que mais chamava a atenção das garotas.
No fim das contas dei a sugestão da coleção Quem tem Medo, de Fanny Joly.
Eu tinha uns 8 ou 9 anos quando a li. Me apaixonei.
Os títulos são em torno dos medos que geralmente temos quando criança. Separei três para citar os trechos.



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Trecho 1: Quem tem medo de dentista?

Nervosa como uma pilha,
imaginei o doutor Padilha:
um homem assustador,
malvado, aterrador,
torturando uma moça toda amarrada
na cadeira reclinada.

Minha mãe falou com ar satisfeito:
- Ele vai atender já, que sorte!
Mas eu senti um nó no peito!
Dentista pra mim era a morte!



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Trecho 2: Quem tem medo de escuro?

Alguém abriu o portão do jardim.
Passos chegavam cada vez mais perto.
Ai, meu Deus, coitada de mim!
Era mais um monstro, decerto.

Bum, bum, bum!,
bateram na portam.
Au! Au! Au!,
latiu o cachorro.
E eu gritei já quase morta:
- Socorro!

Então uma voz chamou:
- Olá, vizinha, sou eu!
Lá em casa a luz acabou.
Vim aqui ver o que aconteceu!



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Trecho 3: Quem tem medo de fantasma?

Vejo então
um pássaro branco voar e...
- HA! HA! HA!
A gargalhada volta a ecoar.

O pássaro está ali, bem na minha frente.
Mas não é pássaro, gente!
É um fantasma, com os braços presos
a uma corrente.
É feito de puro osso,
dos pés ao pescoço.



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Digo ainda que a leitura não é só para crianças.
Um dia desses a noite, fui ler para meu irmão de 10 meses e parei na metade. Minha mãe, que pensei que estivesse dormindo me diz: "Ah não, continua. Estou gostando!" rs


Onde encontrar todos os títulos da coleção:
http://www.scipione.com.br/SitePages/sub_home.aspx?Catalogo=Paradid$225$ticos&Segmento=Literatura$32$Infantil&Exec=1


Espero que tenham gostado!!!

25 novembro, 2011

Coração de Tinta

Coração de Tinta é o primeiro livro de uma trilogia que trás um mundo cheio de fantasia e aventura, foi lançado em 2003, e escrito por Cornelia Funke. Escritora e ilustradora de livros infantis e infanto-juvenis, Cornelia nasceu em 1958, Dorsten, na Alemanha. Estudou pedagogia assim que terminou o colégio e trabalhou durante três anos como assistente social. Durante esse período de trabalho, teve contato com diversas crianças carentes, que diante da dura realidade, inventavam histórias e personagens fantásticos. Desde então, Cornelia começa a ter contato com a fantasia. Sua pós-graduação foi em artes plásticas. A partir daí, a autora começa a ilustrar livros infantis, e depois a criar suas próprias histórias.

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O Livro

Meggie tinha apenas 5 anos quando aprendeu a ler, incentivada por seu pai Mo (Mortimer Folchart), um encadernador de livros, “médico dos livros” como ela o chamava. Os dois dividem um amor mútuo pelos livros e suas histórias, um amor mágico.

O que Meggie não compreende é por que Mo se recusava a ler em voz alta sempre que ela pedia. Nunca ouvira seu pai contar-lhe uma história. Então, aos 12 anos, Meggie descobre que seu pai é capaz de dar vida a qualquer personagem que ele leia em voz alta, podendo trazê-los para nosso mundo.

Esse fato aconteceu quando Meggie tinha 3 anos. Ao ler Coração de Tinta em voz alta, Mo trouxe personagens incríveis e assustadores do Mundo de Tinta. Em troca disso, quando algo ou alguém sai da história fictícia, um personagem da vida real é transportado para dentro dela. Foi o que aconteceu à mãe de Meggie, Resa (Theresa).

Dentre os personagens trazidos do mundo fictício está Capricórnio, um vilão assustador, que procura por Mo para realizar suas malvadezas. Dentre elas, Capricórnio pretende trazer do Mundo de Tinta uma temida criatura, que completará com ele o plano de se dar bem no mundo em que hoje habitam. Para atrair o alvo desejado, Capricórnio usa Meggie como isca. Após descobrir os planos do vilão, a menina descobre que, como seu pai, tem o dom de dar vida às personagens...


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Trecho 1: Um estranho na noite


Na porta da oficina de Mo havia uma placa, uma pequena placa de latão. Meggie sabia de cor as palavras que estavam escritas ali. Aos cinco anos ela aprendera a ler com aquelas letras antigas e enfeitadas:


Alguns livros devem ser degustados,

Outros são devorados,

Apenas poucos são mastigados

E digeridos totalmente.


Naquela época, quando ainda precisava subir numa caixa para decifrar a placa, ela pensava que a frase falava literalmente em mastigar, e se perguntava horrorizada por que Mo havia escolhido para pendurar em sua porta as palavras de alguém tão esquisito, que destruía livros daquela maneira.


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Trecho 2 : Uma casa cheia de livros


Meggie sempre achara que Mo possuía muitos livros. Depois que entrou na casa de Elinor, deixou de pensar assim.

Ali não havia pilhas de livros espalhadas por todos os cantos, como na casa de Meggie. Aparentemente, cada livro tinha seu lugar. Mas, nos lugares onde na casa das outras pessoas havia papel de parede, quadros ou simplesmente um pedaço de parede nua, na casa de Elinor havia estantes abarrotadas de livros. No vestíbulo eram estantes brancas, de madeira clara, que subiam até o teto; nos aposentos que atravessaram a seguir, elas eram escuras como o assoalho, assim como no corredor em que entraram depois.

– Estes aqui – anunciou Elinor, fazendo gestos desdenhosos enquanto passava na frente das lombadas espremidas umas contra as outras – foram se juntando no decorrer dos anos. Não são muito valiosos, a maior parte é de qualidade inferior, nada de extraordinário. Caso alguns dedinhos não consigam se controlar e em algum momento peguem um deles – ela lançou um breve olhar para Meggie – não haverá consequências graves. Contanto que esses dedinhos, depois de saciada sua curiosidade, coloquem cada livro de volta no seu lugar sem deixar nenhum marcador nojento dentro deles.

Com essas palavras, Elinor virou-se para Mo.

– Você não vai acreditar, mas num dos últimos livros que comprei, uma magnífica primeira edição do século XX, eu encontrei uma fatia seca de salame como marcador de leitura!

Meggie deu uma risadinha, o que lhe rendeu instantaneamente mais um olhar pouco amigável.


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"Os livros precisam ser pesados, porque o mundo inteiro está dentro deles."

Inkheart

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Coração de Tinta teve uma adaptação para o cinema em 2008, com direção de Iain Softley. Teve como parte no elenco Brendan Fraser, Sienna Guillory, Eliza Bennett e Helen Mirren.


Onde encontrar:

http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=11936


Para mais informações sobre Cornelia Funke e seus best-sellers indico:

http://www.corneliafunkefans.com/de

http://www.goethe.de/ins/br/lp/prj/dgl/kin/fun/pt2975708.htm

14 novembro, 2011

Jack o Estripador - A verdadeira história, 120 anos depois

Depois de mais de 120 anos, diversas investigações, diversos suspeitos e muitos corpos multilados, a verdadeira face do famoso serial killer, Jack, o Estripador, nunca foi descoberta. As histórias por trás das trerríveis mortes na Londres de 1888, até hoje, são conhecidas no mundo todo como a mais terrível e abominável  chacina de todos os tempos.

O escritor Paulo Schmidt lançou em 2008, um livro que conta toda sua pesquisa, baseada nas investigações realizadas desde o primeiro assassinato até o fechamento do caso. Seguindo a pista dos registros históricos e das teorias, até as considerações atuais, o livro apresenta desde desenhos e fotos dos corpos, até cartas oficiais, retratos falados, mapas e uma lista de todos os possíveis suspeitos, onde, até hoje, nenhum deles foi oficialmente condenado por nenhum dos crimes.

A obra toda foi dividida em três partes: "Os fatos", "Os suspeitos" e "Cento e vinte anos depois". Cada capítulo é narrado de maneira detalhada, numa narrativa que prende o leitor de maneira que é incapaz largar a leitura, mesmo com a certeza de que o livro não esclarecerá o principal mistério: quem, afinal, foi Jack, o Estripador.

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Baseado nas histórias de Jack, diversos autores, diretores e quadrinistas, criaram obras ficcionais que contam possíveis finais para a chacina. Dentre eles o filme "The Lodger" de Alfred Hitchcock, o HQ entitulado "Do Inferno" de Alan Moore e o filme de mesmo nome lançado em 2001 e dirigido pelos irmãos Hughes.


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Trecho 1: Preparem o estômago!

Apontamentos do Dr. Bond obre a autópsia de Mary Jane Kelly

"... a face estava lacerada em todas as direções; o nariz, as bochechas, as sombrancelhas e as orelhas foram parcialmente removidos. Os lábios, descolorados e cortados por multiplas incisões que se estendiam obliquamente, até o queixo. Haviam também numerosos cortes atravessando as feições irregularmente.
     O pescoço estava cortado através da pele e dos outros tecidos até as vértebras, achando-se a quinta e sexta profundamente atingidas. Os cortes cutâneos na frente do pescoço exibiam equimose nítida.
     A passagem de ar foi seccionada na parte inferior da laringe através da cartilagem cricóide.
     Ambos os seios foram mais ou menos amputados por incisões circulares, estando o músculo que adere às costelas preso aos seios. Os músculos intercostais entre a quarta, a quinta e a sexta costelas foram trespassados por cortes, e o conteúdo do toráx era visível através das aberturas.
     A pele e os tecidos do abdome, desde o arco costal até o pube, foram removidos em três grandes porções. A coxa direita foi descarnada na parte da frente até o osso, despojada da camada de pele que incluía os órgãos genitais exteriores e parte da nádega direita. A coxa esquerda teve o revestimento epidérmico arrancado, bem como os músculos até o joelho.
     A panturrilha esquerda exibia uma grande talho através da pele e dos tecidos até a parte profunda dos músculos, e se estendia do joelho até cinco polegadas acima do tornozelo.
     Tanto os braços quanto os antebraços exibiam extensos ferimentos dentados.
     O polegar direito exibia uma pequena incisão superficial com cerca de uma polegada de comprimento, com extravasamento de sangue na pele, e havia diversas ecoriações nas costas da mão exibino a mesma condição.
     Ao ser aberto o torax, constatou-se que o pulmão direito estava minimamente aderente por antigas aderências firmes. O lobo inferior do pulmão, roto e arrancado.
     O pulmão esquesdo encontrava-se intacto. Estava aderente no ápex e havia umas poucas aderências sobre o lado. Na estrutura do pulmão encontravam-se vários nódulos de consolidação.*
     O pericárdio estava aberto, e o coração, ausente.
    Na cavidade abdominal havia algum alimento parcialmente digerido, que consistia em peixe e batatas, e alimento similar foi enontrado nos restos do estômago presos aos intestínos.
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* provável indicação de turbeculose.


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Trecho 2: Carta de Jack a "cara chefia"


25 de setembro de 1888


Cara Chefia,
Eu fico ouvindo que a polícia me pegou, mas não me prenderam ainda.
Dei risada com eles parecendo tão sábios e dizendo queestavam no caminho certo. Aquela piada sobre o Avental de Couro me fez dar gargalhadas. Estou na cola das putas e não vou parar de estripá-las até me prenderem. Belo serviço foi o último, nem dei à mulher-dama tempo para gritar. Quero ver me pegarem agora. Adoro meu trabalho e quero começar de novo. Em breve vocês vão ouvir falar de mim e das minhas travessuras. Guardei um pouco do troço vermelho numa garrafa de cerveja depois do último serviço, para escrever, mas ficou grosso que nem cola e não posso usar. Espero que tinta vermelha quebre o galho, ha ha.
No próximo serviço vou cortar as orelhas da mulher-dama e mandar para os policiais só de gozação que tal. Guarde esta carta até eu trabalhar mais um pouco, depois passe adiante. Minha faca é bacana e afiada, quero trabalhar sem parar se tiver chance. Boa sorte.
     Atenciosamente,

Jack, o Estripador

     Espero que não se importe de eu dar meu nome de guerra.
     Antes de postar isto precisei tirar toda a tinta vermelha das mãos, que droga.
     Sem sorte ainda, agora dizem que sou médico ha ha.

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Onde encontrar:

08 novembro, 2011

Casados com Paris - A história de amor e traição do jovem casal Hemingway nos loucos anos 1920

Casados com Paris, apesar de ser um livro tecnicamente biográfico, fez com que Paula Maclain, sua autora, fizesse uma incrível pesquisa sobre a vida de Ernest Hemingway e Hadley Richardson (sua primeira esposa no qual Paula usa como narradora da trama), no peíodo de seu casamento, na cidade dos apaixonados. Além de apresentar ao leitor, o período do grande estouro literário de Ernert entre sua vida boêmia, sua mulher e amantes e seus amigos nada convencionais e intelectuais. Os assim chamados "anos loucos" da década de 1920 de uma Paris bela e simples, abrigou naquela época, a conturbada história de amor entre Hemingway, Hadley, sua abilidade em ter outras mulheres e seu facínio pela escrita, de onde os mais importântes escritos de Ernest foram então disseminados ao mundo. Dentre eles, 'O Sol Também se Levanta' lançado em 1926.

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Trecho:

"...- O que você tem contra Hadley?
     - Nada. Como poderia? Ela gira em outra velocidade, só isso. Ela é mais cauelosa.
     - E eu vou precisar ser cruel. É isso que você quer dizer?
     - Não. Só determinado.
     - Ela me apoiou esse tempo todo.
     - É, e fez isso lindamente. Mas o que vem depois é algo novo. Você precisa olhar para frente agora. Eu sei que você sabe disso.
Ele sentira muitas vezes que Gerald o lisonjeava em excesso, mas agora com o Sol ( O Sol também se levanta, livro que seria então lançado) lhe abrindo as portas e tanta coisa à frente, ele realmente sentia como se muito mais fosse preciso. Não sabia bem o quê, só que lhe tomaria tudo o que tinha.
Pfife estava cheia de ideias para o futuro. Já organizara a cerimônia do casamento, e ao que parecia já o planejava desde o começo. Era a maneira que encontrava de antrar em acordo com Deus ou com sua própria consciência.
     - Diga que me ama - pedira ela na primeira vez, quando ele ainda estava dentro dela.
     - Amo você.
Ela era musculosa e forte, e era interessante tê-la na cama, estranhamente adversária, com uma selvagem e uma dureza que em nada se parecia com Hadley.
     - Mais do que você a ama? Mesmo que não seja verdade, quero que você diga.
     - Amo você mais - respondera ele.
Ela o empurra com suas pernas longas e firmes, e montara nele. As mãos em seu peito. Os olhos escuros perfurando os dele com intensidade.
     - Diga que você gostaria de ter me conhecido primeiro - pediria ela, empurrando o corpo com força em direção ao dele.
     - Gostaria - concordara ele.
     - Eu seria sua esposa agora. Sua única esposa.
Sua expressão era ao mesmo tempo absolutamente distante e orgulhosa, e aquilo o irritou um pouco. Talvez ela precisasse inventar uma vida para os dois em sua cabeça, ou como poderia conviver consigo mesma e ser amiga de Hadley?
Em Schruns, ele as observara lado a lado em frente à ladeira, conversando e rindo. Tinham as pernas cruzadas na mesma direção, calçando as mesmas meias e as mesmas pantufas alpinas. Não eram irmãs; não se pareciam, de forma alguma. Ele era a única coisa que na verdade as unia..."

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Onde encontrar:


11 setembro, 2011

À FLOR DA PELE


Texto Roberta Faria
Fotos Mica Toméo e Carina Barros

A água morna caindo sobre os ombros. Pedras lisas e redondas pressionando a sola dos pés. O macio dos pelos de um filhote.
A brisa fresca que gela a nuca e arrepia as costas. O calor úmido de um beijo. O viscoso da lama metendo-se entre os dedos dos pés descalços. O áspero curioso da casca de kiwi. O peso mínimo de uma formiga subindo pela canela. Somos máquinas de sentir, e a ferramenta mais poderosa para entender os estímulos do mundo chama-se tato. Como se fosse um idioma, esse sentido - o mais poderoso e complexo dos cinco - interpreta as mensagens que chegam ao corpo. Captadas por incontáveis sensores sob a pele, elas viram impulsos elétricos,que percorrem a gente a vertiginosos 320 km/h, até chegar ao cérebro e transformar-se em informação: "Hum, isso é bom!", ou "Ui, sai daí!". Pelo tato, sabemos o quente e o frio, desvendamos texturas e pressões, sentimos prazer, dor, repulsa. É nossa primeira forma de conhecer o mundo, quando ainda somos bebês e agarramos tudo para por na boca.
(se orgãos tivessem tamanho proporcional à sensibilidade, nossas mãos e linguas seriam do tamanho das nossas pernas.)
Serve de alarme quando algo está errado e de conexão quando vai bem: carinho também é tato, e faz tão bem para a saúde quanto respirar. Justamente por captar tudo, e tanto, às vezes o cérebro "desliga" essa função. Ou você está sentindo , neste instante, as roupas que te comportam? ( Agora que falei, você sentiu.) Esses apagões são necessários para não sobrecarregar a gente de informação. O problema é quando uma estratégiado cérebro, e, sim, um esquecimento da vida. E deixamos de aproveitar os superpoderes que o tato nos da para explorar o mundo por meio das sensações mais deliciosas. Como enfiar os dedos dentro de uma saca de feijão. Pisar em um tapete fofo. Correr a palma das mãos de leve por um muro de pedriscos. Deitar-se em uma cama macia. Encostar-se numa árvore de casca grossa. Beijar um bebê. Receber uma mensagem.Ter uma joaninha passeando pelo braço. Brincar com a cera morna da vela que se apaga. Cócegas, arrepios, cafunés, braços. Pelo tato, a vida desabrocha, à flor da pele.