16 agosto, 2011

A Condessa Sangrenta

A condessa Sangrenta escrita pela argentina Alejandra Pizarnik,  conta a história da condessa húngara  Erzsébet Báthory (1560-1614), no qual relata a suposta obscura história dos diversos assassinatos cometidos pela condessa,  devido a sua possessão pela beleza feminina, além de sua complexa relação com a lesbianidade. A história que se passou no período vitoriano é "e muito" questionada sobre a veracidade dos fatos, pois, nessa mesma época, as histórias de vampiros tornaram-se populares, tornando assim as mortes realizadas pela condessa algo de extremo exagero.

As ilustrações foram feitas pelo também argentino Santiago Caruso, que já teve seus trabalhos publicados no Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires. 
Grande parte das ilustraçãos mostram como a condessa Báthory teria matado suas vítimas, além de alguns auto-retrados que mostram a crueldade em pessoa.

O livro de 56 páginas é todo descrito em contos simples, porém de profunda obscuridade e complexidade. Deixa no ar a sensação de que o leitor deveria pensar bem antes de seguir em frente...

click nas imagens para ampliar




-------------------------------------------------

Trecho de - MORTE POR ÁGUA

O caminho está nevado, e a sombria dama envolta em suas peles dentro da carruagem se entedia. De repente formula o nome de alguma o nome de alguma moça de seu séquito. Trazem a indicada: a condessa a morde, frenética, e lhe crava agulhas. Pouco depois, o cortejo abandona da neve uma jovem ferida e segue viagem.
Mas como volta a parar, a menina ferida foge, é perseguida, capturada e reintroduzida na carruagem, que  prossegue andando mesmo quando volta a parar pois a condessa acabade pedir água gelada. Agora a moça está nua e de pé na neve. É de noite. É rodeada por círculo de tochas sustentadas por impassíveis lacaios. Vertem a água sobre seu corpo e a água torna-se gelo. (A condessa contempla do interior da carruagem.) Há um leve gesto final da moça para se aproximar mais das tochas, de onde emana o único calor. Jogam mais água em cima dela e ela fica, para sempre de pé, erguida, morta.

------------------------------------------------

Onde encontrar:

Santiago Caruso:
http://www.santiagocaruso.com.ar/

15 agosto, 2011

Mastigando Humanos - Um romance psicodélico

Mastigando Humanos narra à história de um jacaré frustrado e existencialista que fala sobre sua infeliz vida de réptil que vive em um esgoto da cidade grande, além de partilhar junto a  ratos autoritários, sapos boêmios e mais diversos outros animais (racionais ou não), de estranhos e loucos acontecimentos, além da eterna procura de seu lugar na metrópole.

O "romance psicodélico" escrito por Santiago Nazarian, nascido em São Paulo e que também é filho de artistas, pode ser considerado uma crítica ao sistema, além de diversão garantida ao leitor devido a narrativa simples e a curiosa inclusão de nomes de estações de metrô como nomes dos personagens da trama. Outra obra bastante conhecida de Nazarian é O Prédio, o Tédio e o Menino Cego que também vale muito a pena ler!

-------------------------------------------------------
Trecho:


“... Não espero que todos vocês entendam. Afinal, só posso descrever experiências sinestésicas como essas com palavras.
Sem o devido estímulo das papilas, uma refeição como essas não passa de poesia – ou assassinato. E eu mesmo defendi que o que importa é a fome. Queria que minhas palavras pudessem abrir o espaço vazio nos seus estômagos; lendo tarde da noite vocês pudessem lamber os beiços. Mas nem sei se acabaram de jantar, se são vegetarianos, macrobióticos, se o que apreciam mesmo é um bom filé de rabo de jacaré. Quem de vocês poderia entender a magia que se produz com a língua numa coxa tenra e bronzeada? Quem de vocês preferiria uma galinha morta?
A textura elástica da pele se rompendo com meus dentes. São tantos. Tantos dentes para trabalhar que os centímetros de elasticidade se rompem como a casca de um tomate para revelar a polpa quente, vermelha, vibrante. Com o coração ainda batendo – acelerado pelo meu ataque – fazendo seu caldo escorrer mais rápido para dentro da minha garganta. Dai a carne doce e macia se misturando ao caldo, se exercitado em sua tentativa de fuga. Os músculos em movimento, minhas mandíbulas. Separando-se dos ossos, dançando no meu estômago. Cálcio no cálcio, meus dentes nos ossos, indicando que cheguei à profundeza máxima do ser. Ah...
Perdoem-me.
Se eu fosse narrar meus próximos dias naquelas profundezas, seria assim, uma descrição sem cessar de abrir e fechar bocas. Foi isso o que eu fiz, mastiguei...”

----------------------------------------------
Onde encontrar: